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Foto de capa
Marcel Gautherot
21.00 x 14.00 cm, 296 pp.
ISBN 9788535911695
67,90
Capitães da Areia
Romance, 1937 | Posfácio de Milton Hatoum
     Nesta história crua e comovente, Jorge Amado narra a vida de um grupo de meninos pobres que moram num trapiche abandonado em Salvador. Os Capitães da Areia têm entre nove e dezesseis anos e vivem de golpes e pequenos furtos, aterrorizando a capital baiana.
     Do valente líder Pedro Bala, com seu rosto atravessado por uma cicatriz de navalha, ao carola Pirulito, que reza todas as noites para purgar seus pecados; do sensato Professor, o único inteiramente letrado do grupo, ao sedutor Gato, aprendiz de cafetão, cada um desses meninos tem sua personalidade própria, sua concepção de mundo, seus sonhos modestos.
     A má fama do grupo, no entanto, se espalha pela cidade. Contra eles se levantam os jornais, a polícia, o juizado de menores e as “famílias distintas”. Mas há também quem os ajude: o padre José Pedro, a mãe de santo Don’Aninha, o estivador João de Adão e o capoeirista Querido-de-Deus.
     Os meninos crescem e encontram caminhos variados: marinheiro, artista, frade, gigolô, cangaceiro. O líder Pedro Bala decide lutar e assumir a tarefa de mudar o destino dos mais pobres.
     Influenciada pela militância comunista do autor na época em que foi escrita, a narrativa de Capitães da Areia transcende a orientação política mais imediata. Divididas entre a inocência da infância e a crueza do universo adulto, as crianças têm de lidar com um cotidiano ao mesmo tempo livre e vulnerável, revelando um desamparo e uma fragilidade que, em muitos aspectos, permanecem atuais.
CINZAS DO NORTE
Milton Hatoum
Em Cinzas do Norte, o amazonense Milton Hatoum aprofunda o projeto narrativo de seus livros anteriores - Relato de um certo Oriente e Dois irmãos -, ampliando o foco além do mundo familiar para escrever a "história moral" de sua geração.


     Jorge Amado terminou de escrever Capitães da Areia a bordo de um navio a caminho do México, durante uma viagem pela América Latina e Estados Unidos. Enquanto isso, no Brasil, Getúlio Vargas instituía o Estado Novo. Na volta ao país, em novembro de 1937, o escritor foi preso em Manaus pela polícia do novo regime. Não era a primeira vez: ele havia sido preso no ano anterior, acusado de participar da Intentona Comunista.
     Capitães da Areia revelava-se então um livro profético: o escritor vivia história similar à do protagonista Pedro Bala, que acaba perseguido e detido por ter se tornado “militante proletário”. Quando publicado, o livro foi considerado subversivo e teve inúmeros exemplares apreendidos e queimados pela polícia em praça pública. Jorge Amado recebeu a notícia na cadeia.
     O livro ganharia nova edição apenas em 1944. Desde então, tem sido o romance mais editado de Jorge Amado: já ultrapassou a marca de cento e vinte edições em português e foi publicado em mais de quinze países.
     A narrativa ganhou versão em quadrinhos e foi adaptada para teatro e cinema. O filme The wild pack (1971), dirigido pelo americano Hall Bartlett, teve cenas rodadas em Salvador. Em 2011, Capitães da Areia estreou no cinema com direção de Cecília Amado, neta do escritor. Na TV, Capitães da Areia virou minissérie da Rede Bandeirantes em 1989, com direção de Walter Lima Jr.
     Em 1987, a Fundação Casa de Jorge Amado comemorou os cinqüenta anos do romance com a publicação em fac-símile da primeira edição do livro.
     "É surpreendente a atualidade dos temas de Capitães da Areia. O assunto e as questões sociais que o livro explora em profundidade são, em larga medida, os mesmos da “cidade da Bahia” e de muitas outras cidades, do Brasil e da América Latina. Lido hoje, este romance ainda comove e faz pensar nas crianças desvalidas, nas crianças de rua, nas crianças abandonadas, quase todas órfãs de pai e mãe, filhos da miséria e do abandono. Atiradas à marginalidade, elas roubam e cometem outros delitos para sobreviver. Detidas, são submetidas à humilhação, ao castigo, à tortura.
     A meu ver, este romance de Jorge Amado antecipou de um modo lúcido e incisivo a vida das crianças que esmolam nas ruas das cidades brasileiras. E essa é uma das mensagens mais poderosas de Capitães da Areia. Hoje, a violência urbana tem uma relação estreita com o tráfico de drogas, enquanto os meninos desta obra de ficção furtam para sobreviver. Mas, até certo ponto, as raízes do problema são as mesmas: a ausência da família e da escola, agravada pela vida degradante nas favelas e cortiços de tantas cidades."
     
     Trecho do posfácio de Milton Hatoum
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