|
|
CONTO DA ILHA DESCONHECIDA, O José Saramago |
A possibilidade de realizar os sonhos é o tema de fundo dessa história sobre um homem que deseja um barco. Um canto de otimismo com raízes fincadas no chão, criado pela serena compreensão crítica de Saramago. Ilustrações: oito obras do artista plástico Arthur Luiz Piza. |
|
| |
Publicado em 1936, Mar morto nasceu de um convite recebido em um momento difícil. Naquele ano, Jorge Amado fora preso pela primeira vez, acusado de participar da intentona comunista. Detido no Rio de Janeiro, o escritor passou dois meses na cadeia. Ao sair, teve o apoio do editor José Olympio para escrever um novo livro. Mar morto foi escrito no bairro da Gamboa de Cima, em Salvador, e concluído no Rio de Janeiro. No ano da publicação, o romance recebeu o prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras. Quinto livro publicado pelo autor, é uma de suas narrativas mais carregadas de poesia. Segundo o crítico Fábio Lucas, a prosa poética deste romance será um traço constante da obra de Jorge Amado, “ora exagerado, ora exercido controladamente”. O livro inspirou Dorival Caymmi a compor um de seus maiores sucessos: o mote “Como é doce morrer no mar”, que se repete ao longo do romance, se transformaria em tema do compositor. Na época do lançamento, entusiasmado com o livro, Mário de Andrade disse, em carta endereçada ao escritor baiano, que Mar morto transformou Jorge Amado em “doutor em romance”. Na década de 40, a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e a Rádio El Mundo, de Buenos Aires, transformaram o romance em radionovela. Em 1960, o texto foi adaptado para os quadrinhos e, em 2001, a rede Globo exibiu a novela Porto dos milagres, inspirada em Mar morto. | |
"Tudo começou neste livro, uma obra que, ao lado de Jubiabá e Capitães da Areia, assinala o momento do nascimento dessa imagem solar da Bahia no imaginário nacional. Mar morto nos traz esses retratos primordiais, como instantâneos, em todo o seu frescor, e nos devolve a densidade do ineditismo de que então se revestiam. Obra de um escritor de 24 anos. Ninguém poderia imaginar que conquistaria o mundo e exportaria essa imagem de baianidade por uma enorme quantidade de línguas e culturas. Ou que seus livros iriam inspirar novelas e minisséries na televisão e filmes por toda parte, até mesmo em Hollywood. Ou que, em 1961, mundialmente famoso, ia ser recebido com todas as honras e pompas na Academia Brasileira de Letras. Foi aqui, neste Mar morto e em outros livros da época, que tudo começou. O leitor que mergulhar nestas águas entenderá os motivos." Trecho do posfácio de Ana Maria Machado
|