21.00 x 14.00 cm, 656 pp. ISBN 9788535914047 129,90
Tieta do Agreste Romance, 1977 | Posfácio de Lilia Moritz Schwarcz
Antonieta pastoreia cabras em Mangue Seco e entrega-se a diversos amantes nas dunas da região. A carola Perpétua denuncia ao pai, Zé Esteves, as aventuras da irmã, e a liberdade da moça escandaliza a pequena Sant’Ana do Agreste. Depois de levar uma surra de cajado, Tieta é escorraçada de casa pelo pai. Depois de perambular por localidades próximas, prostituindo-se para sobreviver, Tieta segue para São Paulo, onde se torna cafetina. Envia dinheiro à família, mas ninguém conhece seu paradeiro. Quando a correspondência é interrompida, Perpétua conclui que a irmã está morta. Mas após mais de 25 anos da partida Tieta regressa. A volta da filha pródiga revoluciona a pequena cidade baiana. Graças à influência dela, a luz gerada pela hidrelétrica de Paulo Afonso chega a Sant’Ana do Agreste, o que leva uma indústria altamente poluidora a querer se instalar ali, ameaçando o destino ecológico do lugar. Além disso, Tieta volta a povoar as fantasias dos homens e vive uma relação incestuosa com seu sobrinho, o seminarista Ricardo. Nesse extenso panorama de costumes e de aceleradas transformações, muitas histórias, vividas por numerosos personagens, somam-se à trama central. A narrativa inclui intervenções do autor, diálogos apimentados que registram a fala da região e descrições de hábitos e histórias tradicionais. Relações de poder e corrupção, religiosidade, liberação sexual, moda e consumo, conflito entre progresso e preservação ambiental são assuntos que, incorporados ao enredo do livro, ganham tratamento crítico bem-humorado. Essa combinação faz de Tieta uma narrativa experimental e inovadora.
Escrito na praia de Buraquinho, nos arredores de Salvador, e concluído em Londres em meados de 1977, Tieta faz jus ao seu título completo: Tieta do Agreste, pastora de cabras, ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense! O volume é uma das narrativas mais longas do autor e acompanha a história da protagonista num arco de três décadas. No conjunto da obra de Jorge Amado, o romance se insere entre aqueles livros que, em tom romanesco, fazem crônica de época e de costumes, sem perder de vista a crítica social e política. Publicado ainda no período do regime militar, o enredo antecipa questões que se tornariam centrais na vida do país, como a preocupação com o meio ambiente e as críticas às relações de poder pautadas pelo favorecimento e pela corrupção. Com sua impetuosidade e seu espírito questionador, Tieta entrou para a galeria das grandes personagens femininas do autor, ao lado de Gabriela, dona Flor e Tereza Batista. O livro foi adaptado com enorme sucesso por Aguinaldo Silva para a novela de mesmo nome que foi ao ar entre 1989 e 1990 na rede Globo. Em 1996, Tieta ganhou também versão cinematográfica dirigida por Cacá Diegues e, em 1997, foi tema do Carnaval de Salvador. O romance virou ainda tema de folhetos de cordel.