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Foto de capa Marcel Gautherot |
23.60 x 16.10 cm, 608 pp. ISBN 9788535920772 179,90 |
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Navegação de cabotagem
Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei Memória, 1992 | Posfácio de Lêdo Ivo
Livro de memórias, Navegação de cabotagem reúne, sem rígida organização cronológica, as lembranças de Jorge Amado. O escritor que testemunhou grandes acontecimentos do século XX e que, em sua trajetória pessoal, desempenhou papel decisivo na cultura brasileira, além de conviver com algumas das personalidades mais importantes do Brasil e do mundo, narra num estilo despretensioso e comovente fatos de seu passado. O arco de tempo vai de meados da década de 20, período do qual Jorge Amado recorda o ciclo do cacau e o movimento da Academia dos Rebeldes (grupo literário do qual fez parte na juventude), até o começo dos anos 90, quando o experiente autor, morando entre Paris e Salvador, deixa as flutuações da memória conduzirem suas reminiscências literárias, políticas e pessoais. Nestes apontamentos, há espaço para comentários sobre a própria obra e as adaptações televisivas e cinematográficas que ela inspirou, além de recordações de acontecimentos da vida familiar. Não faltam menções calorosas aos amigos pessoais, como Carybé, Glauber Rocha, Mirabeau Sampaio, João Ubaldo Ribeiro, Carlos Scliar, Dorival Caymmi e Stela Maris, Calasans Neto e Auta Rosa. O autor relembra escritores e artistas com quem conviveu, como Graciliano Ramos, Raul Bopp, Erico Verissimo, Osman Lins, Aldemir Martins, Flávio de Carvalho, Pierre Verger, Pablo Neruda, Pablo Picasso, Nicolás Guillén, Mario Vargas Llosa, Gabriel García-Márquez, Giuseppe Ungaretti, Jean-Paul Sartre. Os portos dessa navegação são numerosos: Paris, Roma, Nova York, Lisboa, Moscou, Praga, Pequim, Havana, Casablanca, Dakar, Rio de Janeiro, São Paulo e, claro, Salvador. Apesar de sua amizade com personalidades de destaque e do amplo reconhecimento de sua obra, Jorge Amado recusa pompa ou grandeza à sua trajetória de vida: “Não quero erguer um monumento nem posar para a História cavalgando a glória”. Em vez disso, o autor chama a atenção para a dimensão modesta de sua existência: menino grapiúna, cidadão da pobre Bahia, trovador popular, diz ter registrado neste livro apenas certas lembranças divertidas, outras melancólicas, numa “liquidação a preço reduzido do saldo de miudezas de uma vida bem vivida”. |